O ano era 1996 e o primeiro contato com a capoeira foi através de um amigo da escola em que estudava chamado Nielson Hey. No intervalo entre as aulas e na educação física no colégio da cidade de Ponta Grossa no Paraná Nielson costumava demostrar suas habilidades e falar sobre a Muzenza – grupo de capoeira do qual ele participava. Apesar de nos encantarmos com as nuances da Capoeira, o dia-a-dia do seminário impedia a prática desse tipo de esporte e só fomos conseguir começar um projeto de treino 2 anos depois no ano de 1998 na cidade de Toledo no Paraná.
O treino lá era através de um colega capoeirista que passava treinos para gente, o Djeison, capoeira de rua. Éramos em 04 ou 05 amigos, não tínhamos grupo definido e treinávamos nos poucos horários que tínhamos tempo.
No ano de 1999, já de volta a Timbó, encontrei um grupo de Capoeira estabelecido na cidade. Era o grupo Muzenza e as aulas eram ministradas pelo instrutor Rogério Reis (Garnizé). Entrei então oficialmente em grupo de Capoeira , treinando 3 dias por semana a noite no Academia Rikus, no centro de Timbó. Infelizmente o treino durou pouco: depois de cerca de 6 meses me vi obrigado a deixar os treinos pois meu turno de trabalho mudou para tarde e noite, sequer cheguei a ser batizado. Entretanto como fiz vários amigos (Frey, Motoqueiro, Timbó, Macuco, Mosca, Sagui, Bacuri, etc) e eles treinavam na praça central, continuei treinando com eles todos os fins de semana. Graças a inclinação de alguns desses componentes à violência: (não era incomum vestirem o abadá e irem paramentados as festas para brigar, mesmo o uso de drogas também era identificado, por exemplo, o Motoqueiro, anos depois, foi preso e pelo que me consta morto na cadeia enquanto o Bacuri está preso acusado de estupro e participação no assassinato). A opinião pública sobre a Capoeira na cidade acabou ficando abalada e lá por 2000/2001 a Muzenza fechou as portas em Timbó.
Apesar da falta de um grupo para chamar de seu a galera continuava treinando . A partir de 2002 nosso principal hobby era passar os fins de semana e feriados na praça central treinando capoeira, vestiamos os Abadás que ainda tinhamos no grupo Muzenza ou mesmo abadás de passeio e passavamos a tarde treino movimentos e golpes e improvisando jogos individuais . O pessoal ponta firme era Eu, o Frey, o Sagui e o Bomba entretanto o fato de estarmos sempre no centro trazia toda a sorte de pessoas que estivessem passeando na praça para dar um olhada ou até brincar com a gente. Chegamos até a ser entrevistados por um dos jornais locais, Jornal A Cidade , e aparecemos em reportagens, além de participar de situações inusitadas como quando fomos convidados a treinar na frente do CINE MUNICIPAL para "atrair" as pessoas que passassem como chamariz para assistir as sessões de cinema domingos no fim da tarde... Enfim acho justo dizer que nessa época não jogavamos e sim "brincávamos" de Capoeira.
Voltei a ter contato com a capoeira lá por 2005 quando o grupo de Capoeira Corpo e Movimento começou a ministrar aulas na academia Rikus. O grupo era pequeno e encabeçado pelo instrutor Washington Pinheiro (Fera) então sediado em Blumenau. O fato da dificuldade em encontrar novos alunos foi imperativo e logo financeiramente não ficou viável para o instrutor que tinha que vir de Blumenau ministrar as aulas. No fim o grupo fechou as portas em Timbó com cerca de 01 ano, antes mesmo de eu participar do batizado.
Novamente órfão da Capoeira parti para outra arte marcial: Passei a treinar Aikido na academia Cultural, no centro de Timbó, sob o comando do Instrutor Ramon Rodrigues.
A Capoeira voltou a dar as caras em Timbó através de um instrutor, que na verdade nem me recordo o nome, lá por 2008. Ele veio de Curitiba, era do grupo Capoeira Sul Brasil e mudou-se para uma pensão em Timbó com intenção de começar uma academia de Capoeira. As aulas aconteciam na antiga academia Rikus, no centro de Timbó. Éramos poucos, apenas 06 alunos, quase todos remanescentes daquela antiga turma da Muzenza. A alegria não durou muito, um dos alunos (o Bacuri) desafiou o instrutor para testar quem era mais forte em uma luta, fora do horário da aula. A luta aconteceu depois da aula, mas nas dependências da academia e alguns alunos ficaram para assistir: rapidamente o instrutor se mostrou muito mais preparado e acertou o Bacuri que acabou ficando desnorteado e com medo e pulou da janela para fugir da luta. O ocorrido gerou um processo contra o instrutor por parte do pai do Bacuri que acabou acordando em retirar as queixas desde que o instrutor saísse de Timbó e não voltasse mais. Foi o fim do treino de Capoeira novamente e nunca mais ouvi falar desse instrutor.
Algum tempo depois um dos alunos da turma (o Macuco) entrou em contato com o pessoal dizendo que estava fazendo aulas com o Polenta em Blumenau e queria saber se queríamos continuar os treinos, mas agora de novo sob a bandeira Muzenza. Voltamos então aos treinos, agora sob a supervisão do Macuco, encontrando-nos na antiga academia Rikus e também na praça central ao ar livre. Os treinos eram mais físicos mesmo e graças a falta de graduados não tínhamos um modelo buscar então não consegui grande evolução técnica nesse período. Tragicamente o Macuco faleceu em um acidente de moto e meu treino de capoeira voltou a estagnar.
Novamente sem Capoeira em Timbó, em 2011, resolvi testar outra arte Marcial, dessa vez o Wyng Tjun foi a escolhida, através do instrutor Matheus Frigo.
Depois de mais um hiato sem a Capoeira descobri que tinha um novo grupo em Timbó. Isso foi no fim do ano de 2015. O instrutor mudou-se com a família para Benedito Novo, vindo de Angra dos Reis (RJ). O nome dele é Paulo Jorge (Jorge Grande) do grupo Senzala. As aulas eram ministradas na Academia T2, no centro de Timbó. O grupo era pequeno, umas 04 pessoas e foi quando conheci o Mauricio Fogaça (Aprendiz) . As aulas ocorreram por pouco mais de um ano e o instrutor, por problemas financeiros e alguns outros pessoais resolveu voltar para o Rio de Janeiro. Novamente antes de realizar um batizado.
Cerca de algum tempo depois, no começo do ano de 2018 o Aprendiz me chamou no WhatsApp convidando para uma aula de capoeira em um novo grupo do qual ele estava fazendo parte: Grupo Arena de Capoeira. Coincidência ou não o grupo era uma ramificação do grupo Corpo e Movimento. As aulas deveriam ser ministradas por um intrutor de Timbó, porém o mesmo nunca apareceu, o que fez com que o comando do grupo em Timbó ficasse a cargo da capoeirista Deni Oliveira (Pantera), então corda marrom. A Pantera respondia ao mestre Dendê, que tinha um trabalho em Blumenau. As aulas aconteciam 2 vezes por semana na Academia MH Fitness no centro de Timbó e a Pantera trazia para o treino seus 02 filhos (Leoa e Jacaré) e seu marido (Curioso) o que deixava o treino com um ambiente bem familiar, mas sem muito recurso instrumental – os treinos quase sempre eram marcados por música reproduzida e não tocada ao vivo . Desta vez a Capoeira realmente parecia estar fincando raízes, os treinos aconteciam regularmente e a Pantera era muito dedicada em fazer o grupo evoluir: com a ajuda dos alunos participou de programas de rádio e de eventos da cidade como “Se essa rua fosse minha”, apresentações no CEDUP e desfiles municipais. Em Julho daquele ano participamos até de um campeonato de capoeira em Presidente Getúlio , foi um evento pequeno entre capoeiristas do Arena e de seu grupo irmão - Filhos dos Bambas – e o evento foi coordenado pelo mestre Esquilo (Filhos dos Bambas). Nesse grupo então recebi o apelido de capoeira – Armada e fiz o no fim de 2018 fui batizado. Como tinha alguma história na capoeira a minha primeira corda foi a segunda graduação: Corda Amarela .
Começamos com a roda de rua em Timbó , que acontecia uma vez por mês em frente a antiga Thapyoka no centro e juntava os capoeiristas do grupo Arena da região, quase sempre com a presença do próprio mestre Dendê . Levamos a capoeira, pensando na integração, a eventos colaborativos com instituições que trabalham com infância e adolescência com o CEDUP e o Orfanato de Indaial . No começo do ano de 2019, no intuito de expandir a arte da Capoeira em Timbó, resolvemos iniciar um projeto social para crianças. Coordenado pela Pantera, o Fogaça e eu o projeto teve início nas dependências da escola Emir Ropelato aos sábados de manhã. Ensinávamos capoeira gratuitamente para as crianças pequenas do bairro das Nações. O projeto durou até o fim do ano de 2019 e chegou a ter mais de 25 crianças . Conseguimos inclusive batizar várias delas em um evento de troca de cordas da Arena em Blumenau, no fim de setembro de 2019.
No fim do ano de 2019 fizemos o primeiro batizado na cidade de Timbó, que aconteceu na academia MH Fitness, coordenado pelo mestre Dendê e com presença do mestre Esquilo (Filhos dos Bambas). Nessa troca de cordas recebi a terceira graduação: corda Azul . Lamentavelmente também no fim de 2019 a Pantera anunciou que estava “pendurando a corda”, por problemas de saúde teve que deixar a capoeira. Os treinos continuaram então com o professor Fera mas não por muito tempo: Em Março de 2020 por força da Pandemia do COVID as aulas foram suspensas e a academia fechada. No decorrer do ano a Pandemia continuou assombrando e a academia MH Fitness inclusive fechou as portas. O ano de 2021 também não começou promissor: o Fera ainda enfrentou problemas de saúde na família e a Capoeira em Timbó seguiu em Stand By.
Em setembro de 2021, zapeando pelo Facebook, me deparei com um comunicado do vereador Edson Bona convidando para participar de aulas de capoeira ministradas nas dependências das Associação do Bairro das Nações. Sem perder tempo e cheio de esperanças localizei um número de contato no próprio anúncio: Instrutor Serrote, imediatamente chamei ele no WhatsApp e resto da história vocês conhecem...
E essa história ainda está sendo escrita ...
Pessoas
Garnizé ( Muzenza ) Facebook: Rogério Reis
Fera ( Arena ) Facebook: Washington Pinheiro
Ramon ( AIKIDO ) Facebook: Ramon Rodrigues
Matheus ( ISMA Wyng Tjun ) Facebook: Matheus Frigo
Jorge Grande ( Senzala ) Facebook: Paulo Jorge
Aprendiz ( Abadá-Capoeira ) Facebook: Mauricio Fogaça
Pantera ( Arena ) Facebook: Deni Oliveira
Dendê ( Arena ) Facebook: Ismael de Oliveira
Esquilo ( Filhos dos Bambas ) Facebook: Cleiton Henschel
Serrote ( Abadá-Capoeira ) Instagram:LUIZ ANTONIO FAGUNDES
Instituições
A Cidade ( Jornal ) Facebook: Jornal a Cidade
CEDUP ( Escola ) Facebook: CEDUP Timbó
Emir Ropelato ( Escola ) Facebook: Escola E. F. Prof. Emir Ropelato
T2 ( Academia ) Facebook: Academia T2
Bairro da Nações ( Associação ) Facebook:Assoc. Moradores do Bairro das Nações